Bom
dia leitores!
O
artigo abaixo ilustra um pouco o que foi o axé music, suas origens, variações e o que representa atualmente na nossa música brasileira. O mesmo detalha bem o início do movimento,
destacando o baiano natural de Feira de Santana, Luiz Caldas, como sendo seu criador com o hit fricote, a famosa nega do cabelo
duro que não gosta de pentear... Depois, passeia pelas bandas Chicletes com Banana, Ásia de Águia e chega aos dias atuais apontando o baiano Magary Lord como um
dos herdeiro do criador do axé music.
Acredito que o autor pecou um pouco em não citar algumas bandas e cantores. Chamo atenção para Banda Mel, a saudosa Banda Reflexus, primeira banda
Baiana a se apresentar no Canecão no Rio de Janeiro. Não citou também expoentes como Tonho Matéria, Zé Paulo e Rei Zulu, o hoje missionário Reinevaldo Silva. Quem não lembra do final dos anos 80 e início dos 90, cantores como o Roberto do Grupo Show Terríveis, Jair da Banda Montagem ou Júnior da Banda Grafith cantando a música Vem me amar de Rei Zulu...
Acredito que o autor pecou um pouco em não citar algumas bandas e cantores. Chamo atenção para Banda Mel, a saudosa Banda Reflexus, primeira banda
Baiana a se apresentar no Canecão no Rio de Janeiro. Não citou também expoentes como Tonho Matéria, Zé Paulo e Rei Zulu, o hoje missionário Reinevaldo Silva. Quem não lembra do final dos anos 80 e início dos 90, cantores como o Roberto do Grupo Show Terríveis, Jair da Banda Montagem ou Júnior da Banda Grafith cantando a música Vem me amar de Rei Zulu...
De
um beijo para um beijo,
Eu
só quero é te amar
Sou
a luz que reluz
No
teu desejo
É
Deus quem vai mandar
Inspirações
e meras canções de amor
Eu
sei que vão pintar
Na
minha poesia
Eu
fiz um reggae
Eu
fiz um reggae pra te conquistar
E
agradeço ao grande Jah
Oh
ah ah ah
Oh ah ah ah
Venha me amar
Oh ah ah ah
Venha me amar
No
reggae ô, ô ô ô ô
No reggae ah, ah ah aha
No reggae ô, ô ô ô ô
E agradeço ao grande Jah
No reggae ah, ah ah aha
No reggae ô, ô ô ô ô
E agradeço ao grande Jah
O
reggae é bom pro coração, e o povão
Cante levantando a mão
O reggae é bom com união
Cante levantando a mão
Cante levantando a mão
O reggae é bom com união
Cante levantando a mão
Talvez
seja pelo fato do autor considerar Zé Paulo, Rey Zulu, Banda Mel
e Reflexus como seguidoras do samba-reggae. O que na minha opinião,
depois evoluiu para o axé music. Ainda que não tenha evoluído, acredito que tais influências também deveriam ter sido citadas. De toda sorte, o artigo cumpre seu
papel em explicar o que significa o axé music, suas principais
bandas, e sua evolução com o passar dos seu 30 anos completados em 2015. Com certeza, uma longa jornada...
Hélio
Santa Rosa Costa Silva, Rio de janeiro, 06 de maio de 2015.
heliosilva77@gmail.com
Especial
Axé Music: o que foi e o que é
Por
Felipe Silvany - 15/02/2013
Muita
coisa aconteceu desde que Luiz Caldas nos idos de 1985 começou a
remexer sua cintura ao som do que muitos consideram a primeira canção
do Axé Music, “Fricote”. Apesar de sua letra nada complexa o
ritmo era demasiadamente adequado ao verão e, sobretudo ao carnaval
da Bahia. Assim foram dados os primeiros passos desse ritmo baiano.
Desde
então muitos expoentes da música baiana foram surgindo, cada um ao
seu estilo, mas trazendo como ponto comum a música feita para o
carnaval, para acompanhar essa festa de rua tão tradicional e que
tornou-se peculiar na Bahia por conta da invenção do trio elétrico
de autoria de Dodô e Osmar, popularizado por Moraes Moreira na
década de 60 - o primeiro a subir no trio literalmente. Além do
mais, Moraes Moreira é o autor da canção que se popularizou como o
hino do carnaval baiano. “Chame Gente” popularizou-se pela letra
brilhante que traduz perfeitamente a Bahia, através de sua gente,
seus lugares e é claro, do carnaval. “Alegria, alegria é o
estado, que chamamos Bahia De Todos os Santos, encantos e Axés,
sagrado e profano, o Baiano é, carnaval”.
Voltando as origens do axé, Luiz Caldas permaneceu em foco por algum tempo, inaugurando o mercado do axé, inclusive, fora das fronteiras baianas, tendo a sua música chegado ao sudeste, mercado até então desconhecedor da Axé Music.
Voltando as origens do axé, Luiz Caldas permaneceu em foco por algum tempo, inaugurando o mercado do axé, inclusive, fora das fronteiras baianas, tendo a sua música chegado ao sudeste, mercado até então desconhecedor da Axé Music.
Porém
o grande pilar do axé foi se formando através de bandas como o
Chiclete com Banana. Formada em 1980 a então “Scorpius” (o nome
mudaria apenas em 1982) puxou um bloco carnavalesco pela primeira vez
em 1981 com o extinto “Traz os montes”. O grande sucesso da banda
viria em 1986 com o seu álbum “Gritos de Guerra” vendendo quase
um milhão de cópias. No decorrer da década de 1990, o “Chiclete”
deu sequência ao seu sucesso com outras grandes músicas, perfazendo
o seu auge, sobretudo com a entrada no mercado do sudeste e por
consequência do Brasil inteiro.
Outro
pilar do Axé, a Asa de Águia nasceu no final dos anos 80 e em 1990
arrastou pela primeira vez o bloco Crocodilo tocando o primeiro
grande hit da banda. “Bota pra ferver” mostrava quão
influenciada havia sido a banda pelo Rock´n Roll. Desde então
outros hits embalaram os foliões como “Take it easy” e “Dia
dos namorados”.
Daniela
Mercury foi uma grande responsável pela expansão das fronteiras do
Axé. Em 1992 fez um show épico no Museu de Arte de São Paulo
(MASP) que provocou um longo engarrafamento na Avenida Paulista.
Embalada por seu “canto da cidade”, Daniela provocou um grande
frisson na multidão que a assistia naquele momento.
A
Banda Eva outra grande intérprete do Axé music, teve o seu auge na
formação encabeçada por Ivete Sangalo nos anos 90. Com o grande
hit também chamada de “Eva”, criada pela banda Radio Taxi, a
banda fez grande sucesso com músicas que se tornaram clássicos do
carnaval como “Alô paixão”, “Coleção” e “Flores”.
Após algumas trocas de vocalistas a Banda Eva teve novo auge com o
cantor Saulo Fernandes que conseguiu trazer de novo a força da banda
incorporando novas músicas ao já consagrado repertório.
Outra
grande força do Axé Music foi formada pela música percussiva
baiana. Olodum e Timbalada, movidas pela influência dos sons
africanos, trouxeram uma grande novidade para todos que acompanhavam
a música até então, influenciando “percussivamente” todas as
outras bandas do Axé Music. Popularizada no início dos anos 90,
essas bandas trouxeram a música dos guetos de Salvador para a
avenida. Durante o carnaval, a Timbalada compôs o seu bloco,
trazendo turistas estrangeiros e nacionais para acompanhar seu som.
Atualmente apesar de já não conter a mesma formação de sucesso de
outrora (Ninha, Xexéu e Patrícia) a Timbalada ainda atrai muita
gente para os seus ensaios. É necessário frisar que o sucesso da
Timbalada deve-se diretamente a influência de Carlinhos Brown, um
dos seus formadores. Brown, um grande artista baiano hoje encontra-se
consagrado não só pelo início com a Timbalada mas por outras
realizações, como as composições envolvendo parceiros da grandeza
de Marisa Monte, Herbert Vianna e Arnaldo Antunes.
Falar
do Axé Music sem falar do carnaval moderno da Bahia é um tanto
quanto difícil, pois a história dos dois se confunde. Até porque o
Axé foi idealizado para acompanhar a festa momesca, para falar de
amor, das praias, do verão e do próprio carnaval. No meio da década
de 1990 o Axé Music se viu confundindo com outros ritmos, sobretudo
por influência do público de fora da Bahia. Ao surgirem bandas como
o Gera Samba (que tornaria-se `”È o tchan”), Companhia do Pagode
e Terra Samba, que eram totalmente influenciadas pelo pagode e pelo
próprio samba, o público passou a não distinguir o Axé Music da
música feita na Bahia. Para muitos, eram a mesma coisa. Essas
bandas, que possuíam um som completamente diferente do Axé nascido
na década de 1980, acabaram escorando no seu sucesso, admitindo
serem bandas de axé também, apesar de sua música não ser fiel a
essas ditas raízes. Por uma questão de marketing, haja visto o
crescimento do mercado do carnaval baiano, essas bandas queriam ser
tratadas do mesmo modo como outros já consagrados grupos. Por conta
da generalização completa, acabaram por um bom tempo puxando blocos
de carnaval. Porém hoje em dia esse tipo de música está quase
extinta. Aquele tipo de música não combinava com o carnaval de
Salvador e as demais micaretas pelo Brasil. Repito, o axé foi feito
para ser tocado nos carnavais, já esse outro tipo musical nunca se
encaixou no carnaval.
Mesmo
durante o “boom” desse tipo de música, o axé deu continuidade
com o seus pilares já citados acima. Chiclete, Asa e todas as outras
grandes bandas faziam grandes carnavais e micaretas, continuando com
a mesma força de sempre e desse modo entraram no século XXI.
Em
meados dos anos 2000, o axé iniciou uma fase de baixa. As bandas já
consagradas não lançavam músicas como antes, e poucas canções
novas tornaram-se sucessos. Chiclete com Banana lançou “Não vou
chorar” e “Voa voa”, porém assim como a Asa de Águia, passou
a se escorar no seu antigo repertório de sucesso. Atualmente o
sessentão Bell Marques (Chiclete com Banana) e o cinquentão Durval
Lelys (Asa de Águia) já não possuem a mesma energia de antigamente
e os seus blocos já não são conduzidos com tanta empolgação.
Atrelada
à caída de produção dessas grandes bandas está a escassez de
novos talentos. Poucas revelações surgiram na primeira parte da
década de 2000, a exemplo da “Babado Novo” de Claudia Leitte,
que no início de carreira trazia grande energia aos palcos, sendo
trilha sonora de muitas festas nesse período. A banda levou uma
antiga canção de Michael Sullivan e Paulo Massadas às paradas de
sucesso. Gravada nos anos 80 por Roberto Carlos, “Amor Perfeito”
tornara-se então um grande hit do axé naquele momento.
Infelizmente, o início de uma carreira solo provocou um pouco o seu
desligamento das raízes baianas e hoje, buscando um viés comercial,
a cantora já não pode ser considerada apenas de Axé Music,
perdendo até sua identidade.
Como
já citado, Saulo Fernandes conseguiu dar nova cara à Banda Eva, com
músicas como “È do Eva” e “Tudo certo na Bahia”. Prestes a
dar início a uma carreira solo, Saulo possui o desafio de continuar
agradando o público que lhe acompanha há anos na Banda Eva.
Por
outro lado, Alinne Rosa, cantora do Cheiro de Amor é uma grande
intérprete, detém uma voz poderosa, mas apesar de ainda jovem
também se vê atrelada a antigos sucessos da histórica banda de
Salvador.
Chegando
a segunda metade da década de 2000, algumas raras “revelações”
do Axé foram surgindo: Jauperi e Pierre Onassis formaram a banda
Afrodisíaco, inaugurando um novo som na Bahia. “Café com pão”
trouxe o mesmo swing baiano de sempre em uma nova roupagem e
tornou-se hit do carnaval de 2006. Em que pese a separação rápida
da banda, Jau iniciou um projeto solo que atinge muito sucesso nesse
momento.
Outra
grande surpresa da música baiana atual é Magary Lord, que inventou
moda juntado uma música caribenha a já conhecida percussão baiana;
talvez seja o cantor que mais lembre Luiz Caldas no início de
carreira. Sua música é acompanhada de uma dança diferente,
embalada por um ritmo muito gostoso capaz de agitar qualquer carnaval
do Planeta.
Quem
sabe Magary Lord não inaugura uma nova fase do Axé?
Para
a continuação dessa música eminentemente baiana é necessário que
novas revelações possam dar continuidade ao que foi inventado há
quase 30 anos, para que o público possa não só cantar o que foi
criado na década retrasada, mas para que possa cantar o novo, o novo
axé.
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