segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Mestre Siba: Seu Rock, Suas Cirandas e Maracatus... O Mestre Ambrósio e a Fuloresta do Samba



Bom dia Galera!!

Hoje pela manhã me peguei ouvindo novamente o Siba com o seu último trabalho De Baile Solto.

Capa do novo álbum de Siba, "De Baile Solto", com referências ao maracatu (Foto: José Holanda / Divulgação)

Como já havia publicado sobre este artista, resolvi revisitar esta publicação de 2015 e atualizá-la...

Ainda final de semana passado vi documentário Nos Balés da Tormenta que se encontra disponível por completo no you tube https://www.youtube.com/watch?v=i7YFpNUwCf0

Este documentário se mostrou
muito interessante e esclarecedor. Antes estava disponível no you tube apenas 12 minutos do mesmo. Agora, quem curte este som, pode vê-lo por completo. O filme mostra um pouco da trajetória do Siba depois da sua saída e consequente fim da Banda Mestre Ambrósio. Neste filme, ele fala sobre sua auto percepção, em que percebe que precisava de algo mais "sólido" e "autêntico" que o Mestre Ambrósio o fornecia naquele momento... E olhe que o Mestre Ambrósio foi uma senhora Banda, por sinal, por que não dizer, um senhor movimento cultural!! Quem conheceu esta Banda, sabe do que estou falando... Com certeza Cordel do Fogo Encantando e tantos outros, beberam dessa fonte...

Ainda sobre o referido documentário, o autor fala também da sua ida para Nazaré da Mata https://pt.wikipedia.org/wiki/Nazar%C3%A9_da_Mata, onde depois de muito estudo e prática, começa a fazer bailes de cirandas e Maracatus... Uma festa que inicia a noite, saindo em cortejos por toda a cidade. Os participantes cantam e danças seu maracatus até o raiar do sol. O documentário mostra ainda sua ida para São Paulo, onde juntamente com Fernando Catatau, outro monstro da guitarra, começam a produzir e fazer arranjos musicais para as músicas do Siba. Este documentário é realmente rico!! finaliza mostrando a ida de Siba à fazenda de seus avós no sertão pernambucano, lugar que o artista costumava visitar sempre com seus pais quando criança. Ele fala abertamente sobre o papel da família, seus laços e como a família influenciou e norteou sua carreira musical.

Um detalhe particularmente interessante me chamou atenção neste documentário, quando o autor fala que precisou sair da sua zona de conforto e assim, enfrentar "novas tormentas"... Quem conheceu o trabalho do Mestre Ambrósio sabe que isso é bem verdade. A Banda estava num período muito bom, com shows por todo o Brasil e também ao redor do mundo, como Europa e Japão Estados Unidos. O que podemos dizer que o autor com certeza fez uma escolha sábia e correta. Siba hoje é um cara diferenciado no meio musical brasileiro. Sua linguagem, simplicidade e BAGAGEM CULTURAL é de fato, algo que nos impressiona e instiga a ouvir e estudar esse músico Brasileiro. 

Assim, tenham todos uma boa leitura e bom feriado caros leitores!!

Um dia desses vi uma entrevista e apresentação do Siba e sua banda na tv cultura, programa chamado cultura livre. Neste programa ele falava sobre seu mais novo trabalho. Siba é um desses artistas brasileiros com grande conhecimento da nossa cultura e nossa musicalidade, sendo muito conhecido no mundo inteiro. 

Aqueles que conhecem a chamada “world music” sabe do que estou falando. Em época outrora, onde havia menos xenofobia, tema recorrente agora, sua primeira banda, o Mestre Ambrósio, fez show em toda Europa, Japão e também nos Estados Unidos. Com a Fuloresta do samba não foi diferente, juntou um seleto grupo de Artistas Da Zona Mata Pernambucana e saiu divulgando sua música em vários shows ao redor do mundo.

Dou ênfase ao seu novo trabalho http://www.mundosiba.com.br/ , em que assumo que tenho um grande apreço pela sua época no saudoso Mestre ambrósio e também com a sua Fuloresta do Samba. 

Nesse sentido, faço um apanhado de algumas matérias sobre esse Artista e sua obra, as quais estão reunidas nesta publicação com os devidos créditos e fontes.



Para aqueles que gostam e apreciam o Manguebit (ou mangueabeat), Cirandas e Maracatus, boa leitura!

Como bem falou Falcão no dvd do Rappa acústico... "Salve Salve O Mestre Siba e sua Rabeca!!"



Hélio Santa Rosa Costa Silva, Rio de Janeiro, 03 de Agosto de 2015.

Atualizado em 06 de setembro de 2016.


SIBA:

Apareceu inicialmente no ano de 1992 integrando, como guitarista e cantor (mais tarde passou a tocar rabeca), o grupo pernambucano Mestre Ambrósio, do qual também faziam parte Mazinho Lima (baixo e voz), Maurício Alves (percussão), Sérgio Cassiano (voz e percussão), Eder "O" Rocha (bateria e zabumba) e Hélder Vasconcelos (teclado e triângulo).
Em 1996, com produção de Lenine e Marcos Suzano, o grupo lançou, Selo Rec Beat Discos, o primeiro CD "Mestre Ambrósio", no qual foram incluídas de sua autoria "José", "Se Zé Limeira sambasse maracatu", "Pé-de-calçada", "Jatobá", "Três vendas", "O circo de Seu Bidu", "Baile catingoso", "Mensagem pra Zé Calixto",  "Matuto do salame" e "Benjaab", esta última em parceria com Lenine. O CD vendeu 20 mil cópias e teve...


 o clipe "Pé-de-calçada" veiculado na MTV. O clipe "Se Zé Limeira Sambasse Maracatu" foi indicado para o festival "Video Music Brasil" (da MTV) na categoria "Banda-Artista-Revelação". Ainda do primeiro disco da banda Mestre Ambrósio, destacaria-se a música "José", incluída na coletânea "Strictly Worldwide", do selo alemão Piranha Records, especializado em música étnica.
No ano de 1997 ao lado de Fred 04, Chico Science, Lúcio Maia e Paulo Rafael, participantes do movimento musical pernambucano Mangue Bit, compôs a trilha sonora do filme "Baile Perfumado", de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Sua composição "Baile catingoso" foi incluída na trilha do filme.

Em 1998, ainda integrando o grupo Mestre Ambrósio, foi lançado o segundo CD do grupo "Fuá na casa do Cabral", pelo Selo Chaos da gravadora Sony Music. No disco foram incluídas de sua autoria as composições "Esperança", "Pé-de-calçada", "Se Zé Limeira sambasse maracatu", "Sêmen" (c/ Bráulio Tavares e Mestre Ambrósio), "Usina - Tango no mango" (c/ Mazinho Lima, Hélder Vasconcelos, Maurício Alves de Oliveira, Éder Rocha dos Santos e Sérgio Cassiano), "Pedra de fogo" (c/ Hélder Vasconcelos e Sérgio Cassiano) e a faixa-título "Fuá na casa de Cabral", composta em parceria com Hélder Vasconcelos. O disco foi lançado oficialmente no ano seguinte, em 1999, em show no "Festival Abril Pro Rock", em Recife, considerado um dos principais eventos da cena manguebit de Pernambuco e um dos mais emblemáticos do pop-rock nacional. Ainda em 1999, com a banda Mestre Ambrósio, excursionou por vários países europeus, entre as quais Portugal, Espanha, Luxemburgo, Alemanha e Bélgica. De volta ao Brasil a banda gravou a faixa "Caçada" no songbook de Chico Buarque, lançado pela Lumiar Discos nesse mesmo ano. Contudo, o segundo trabalho do grupo, produzido por Suba (um dos produtores mais importantes da geração Manguebit), chegou aos Estados Unidos e ganhou crítica favorável de Jon Pareles, do New York Times. No ano 2000 a banda foi convidada a fazer uma turnê nos Estados Unidos, onde se apresentou no Summer Stage, no Central Park.
Em 2001 faria o último disco como integrante do grupo Mestre Ambrósio, que logo se desfaria. Neste ano a banda lançou o CD "Terceiro samba", produzido por Beto Villares, disco no qual foram incluídas de sua autoria "Caninana", "Gavião", 'Fera", "No bojo da Macaíba", "Mestre guia" e "Lembrança de folha seca".
No ano de 2002 a banda fez turnê pela Europa, apresentando-se na Inglaterra, Portugal, França e  Dinamarca, entre outros. Neste mesmo ano lançou o primeiro disco solo intitulado "Fuloresta do samba", no qual interpretou um repertório com composições de sua autoria, entre as quais "Bringa", "Caluanda", "Trincheira da fuloresta", "Suinã", "Soldado de aldeia" (c/ Biu Roque), "Bonina", "Meu rio de samba" (c/ Barachinha), "Maria, minha Maria" (domínio público), "Sete estrelo", "Vale do Jucá", "Barra do dia" (c/ Biu Roque), "Poeta sambador", "Tempo", "Terra de reis",e a faixa-título "Fuloresta do samba", também de sua autoria. Em 2009 lançou em parceria com o violeiro Roberto Corrêa o CD "Viola de bronze". No ano de 2012 apresentou-se no Rio de Janeiro, quando lançou o CD "Avante", no "Festival Levada", da casa de espetáculos OI Futuro Ipanema.


Mestre Ambrósio:


Componentes
Siba

"O" Rocha

Hélder Vasconcelos

Mazinho Lima

Maurício Alves

Sérgio Cassiano

Dados Artísticos

Grupo de pop-rock formado em 1992, na cidade de Recife, por Siba (Sérgio Veloso - voz, rabeca e guitarra), Éder Rocha dos Santos (bateria e zabumba), Hélder Vasconcelos (teclado e triângulo), Mazinho Lima (baixo e voz), Maurício Alves de Oliveira (percussão) e Sérgio Cassiano (voz e percussão). O nome do grupo é referência a um personagem (Mestre de cerimônia) do Cavalo Marinho, tradicional (...)

Obras

  • Baile catingoso (Siba)
  • Benjaab (Siba e Lenine)
  • Caninana (Siba)
  • Carneirinho (Hélder Vasconcelos e Biu Roque)
  • Chamá Maria (Sérgio Cassiano)
  • Coqueiros (Sérgio Cassiano)
Discografia
  • (2001) Terceiro Samba • Chaos/Sony Music • CD
  • (1999) Baião de viramundo • Independente • CD
  • (1999) Songbook de Chico Buarque • Lumiar Discos • CD
  • (1997) Fuá na casa de Cabral • Sony Music • CD
  • (1996) Mestre Ambrósio • Selo Rec Beat Discos • CD
Shows
  • Show Fuá na casa do Cabral. Festival Abril Pro Rock. Recife, PE.
  • Show terceiro samba. Canecão, RJ.
Clips
  • "Pé-de-calçada". (1996)
  • "Se o Zé Limeira sambasse maracatu". (1996)

Bibliografia Crítica

  • ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

Mestre Ambrósio, por um dos músicos, o Helder Vasconcelos, Músico que "brincava" com o teclado e o triângulo http://www.heldervasconcelos.com.br/MESTRE_AMBROSIO.html


Nos anos 1980, eu, classe média, estudante, com meus 14, 15 anos, tinha um envolvimento informal com a arte. Minha relação com música era através do rock’n’roll, tocando uma guitarrinha ou ouvindo vinil. O corpo se mantinha praticando bicicross e a dança acontecia nas festas e com o embalo da movimentação break dance que acontecia na época.

Recife era uma cidade isolada. Shows, só com a vinda dos poucos grupos nacionais uma vez por ano. Shows de grupos locais, só cover. Equipamentos ou instrumentos, quase ninguém tinha. Tradição, embora sempre acontecendo, não fazia parte do meu dia-a-dia.

Conheci Siba no colégio. Estudamos juntos o 2º grau e nossa amizade aconteceu em torno da música. Ouvindo rock, jazz, reggae e pop africano, com a abertura que começava acontecer um pouco antes do início dos anos 1990. Siba, que estudava música na Universidade Federal de Pernambuco e já tocava com Eder, foi assistente do etnomusicólogo americano John Murphy na pesquisa de mestrado que veio fazer no Brasil.

Foi assim que Siba entrou em contato com o universo cultural da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Cavalo Marinho, rabeca e Maracatu começaram a fazer parte da sua vida. Não demorou pra ele me convidar pra conhecer o Cavalo Marinho e a gente começar a brincar Boi e Maracatu Rural no Carnaval.

Numa busca similar, eu também descobria a percussão com o samba-reggae recifense e acordava um forró que já existia em mim com o fole de 8 baixos. E o Cavalo Marinho abria definitivamente a possibilidade de eu ser músico, ator e dançarino ao mesmo tempo. Eder, baterista e roqueiro, por sua vez, entrava em contato com a percussão do Maracatu Nação e com a zabumba do forró.

Assim, estava pronto o contexto no qual foi gerado o Mestre Ambrósio e o impulso que fez nascer o grupo: necessidade de mudança, busca de algo pessoal e particular na música e reencontro com a própria história na vida.

Nascia em solo que também estava sendo remexido por outros grupos. Entre eles Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S.A. Que começavam a chamar a atenção pra cidade e mudar a realidade do cenário musical que existia até então.

O início do Mestre Ambrósio foi de experimentação. Nossa principal referência era o pop africano, que pra nós tinha resolvido bem esse encontro de universos distintos. Mas nossa trilha começou de fato a ser elaborada com os bailes de forró que resolvemos fazer logo no início do grupo. Mesmo sem a gente se dá conta o que isso de fato representava pra nós, sentimos um retorno de público significativo. Isso foi nos guiando. Mazinho entrou nesse momento. Maurício logo em seguida.

Mas também levantamos uma crise, porque não sabíamos como encaixar o forró nas nossas cabeças roqueiras, com referência no trio baixo, guitarra e bateria. Chegamos a ter dois shows: “Mestre Ambrósio Elétrico” (pra suprir nossas necessidades musicais) e “Mestre Ambrósio Acústico” (pra atender as necessidades do público, que pra nossa sorte, já nos cobrava).

Essas questões foram resolvidas quando chegou a hora de gravarmos o primeiro cd. Sérgio Cassiano completou o time e a partir daí começamos a construir nossa identidade, nossa assinatura.

Essa identidade também começou a surgir no palco e foi sedimentada quando fomos fazer nossa primeira turnê na Europa em 1996, especialmente através do trabalho da dançarina-pesquisadora Patrícia Sene, que fez a direção cênica do show que vínhamos esboçando de forma festiva e intuitiva na Soparia. 

Depois do primeiro cd o campo de trabalho e a repercussão da nossa música cresceu bastante. O país já tinha os olhos e ouvidos voltados pro Recife. A Europa, com seus festivais de World Music, recebeu muito bem o que estava acontecendo na cidade. Em 1995 Chico Science fez sua primeira turnê e nós em 1996.

Essa movimentação foi tanta que mudamos pra São Paulo no final de 1996. Em dezembro de 1997 fechamos contrato com a Sony e no Abril Pro Rock de 1999 lançamos o “Fuá na Casa de Cabral”, que sedimentou e ampliou nossa música e nossas possibilidades de instrumentação e composição, com Siba e Cassiano dividindo a maioria dessas composições. Foi também nesse momento que nos firmamos mais solidamente como grupo em dois importantes aspectos: nos arranjos e nas apresentações ao vivo.

A partir da base fincada no Sudeste, ficou mais fácil viajar pelo país. As turnês internacionais também se intensificaram com viagens pra Eurpoa, Estados Unidos e Japão. E o terceiro cd foi gravado em São Paulo.

Quando começamos a falar sobre um quarto trabalho, senti a realidade da minha vida diferente da realidade do grupo. Me despedi da banda em janeiro de 2004 e segui estrada sozinho.

Para entender o final do grupo é necessário conhecer as razões de cada um dos integrantes. O que é importante comentar é que sempre estivemos presente de forma intensa e dedicada em cada um dos shows que realizamos. O público sempre foi muito cúmplice. Sem essa relação verdadeira que sempre existiu, não tinha sentido continuar.

Acredito plenamente que no trabalho de cada um de nós, esse sentimento de satisfação, realização e alegria continua. Sendo assim o Mestre Ambrósio continua.

Vida longa aos Ambrósios !!!
japão 2002.

Estados Unidos, 2003.

 Slovênia, 2000.

Cartaz da turnê no Japão, 2002

  França, 2001.


As violas de bronze de Siba e Roberto Corrêa

Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/mpb/posts/2009/03/10/as-violas-de-bronze-de-siba-roberto-correa-167420.asp

nviado por Leonardo Lichote -
10.3.2009
 |
13h28m

As violas de bronze de Siba e Roberto Corrêa

Reproduzo a crítica que escrevi para a edição de hoje do Segundo Caderno, na seção Discolândia. Dei cotação máxima.
No jornal, tem também uma pequena entrevista com Siba. Dá para ler aqui (só assinantes).
***
Navegando em frente nas águas da tradição Siba e Roberto Corrêa constroem disco que, de forma sutil, surpreende, apoiado em timbres de violas de vários tipos 
"Violas de bronze" - Siba e Roberto Corrêa (ouça faixas aqui)

O “hey boi” que Siba e Roberto Corrêa cantam em “Cara de bronze” — faixa que abre “Violas de bronze” (independente) — poderia ser um eco do “Ê bumba iê iê boi/ Ê bumba iê-iê-iê” da “Geleia geral” tropicalista. Mas não é. Trata-se apenas de uma variação sobre um aboio tradicional.
A constatação diz muito sobre o disco que une o violeiro Corrêa e o rabequeiro Siba (aqui também tocando viola, além da rabeca). Os tropicalistas gritavam — porque tinham que gritar — que, naqueles dias, o bumba-meu-boi e o iê-iê-iê de Roberto e Erasmo estavam embolados no mesmo verso. Siba e Corrêa já estão livres de fazer o mesmo. Não há necessidade de cravar bandeiras já cravadas.

Não significa que a dupla abra mão de criar, pondo na mesma roda referências díspares — vocação de Siba, aliás. Desde seu trabalho inicial com o Mestre Ambrósio até a recente parceria com a Fuloresta, o rabequeiro mostra profundo conhecimento da dinâmica da tradição — rio que segue para o mar do futuro, nunca lago de água empoçada. É nessa corrente que eles navegam agora, tranquilos, sem deslumbre ou ansiedade de chegar logo. Mas tocando seu barco em frente.

Blues de viola e encontro de Piazzolla com Rosa 
O “hey boi” de “Cara de bronze”, portanto, é só um velho aboio. Mas soa novo — e ancestral —, apoiado num fantástico blues de viola (no qual a rabeca faz o papel da gaita), encontro de Robert Johnson e Helena Meirelles. Como se não bastasse, ainda consegue criar uma imagem original para a antiga e eterna lua sertaneja: “E a noite paga as cantigas/ Com uma moeda de prata”.

O CD é praticamente todo construído sobre viola (caipira, de cocho, dinâmica de sete cordas, elétrica de sete cordas), apenas com a rabeca de Siba como exceção. Por trás da ideia de rusticidade e pureza — cantorias, ponteios — que o imaginário dos timbres carrega, Siba e Corrêa desvelam um universo que bebe em fontes tão diversas quanto Villa-Lobos (a instrumental “Caninana do papo amarelo” é uma “Melodia sentimental” do Centro-Oeste), flamenco (“Jararaca chateadeira” parece obra de gitano do Pantanal) e tango (“Nos Gerais” é Piazzolla no sertão de Guimarães Rosa, com rabeca e viola emulando bandoneons, num conto de pelejas com o “cramuião”).

Há ainda “Lume”, frevo-canção mestiço, disfarçado em sua roupa de violas. Igualmente mergulhado na lógica da língua forjada nos rincões retratados por Rosa, sua letra traz verbos que carregam essa criação com sabor de tradição. Os dois mais lindos, sutilmente quase sinônimos, são “destrevariando” e “desentrevecendo” — cantados sobre a mesma melodia.

Ambos formados na academia e no mundo, Corrêa e Siba sabem o valor de cada saber — e não caem no populismo ou na arrogância, pecado comum aos doutos das duas escolas. Equilibram-se na consciência da dúvida exposta em “Big Brother mental”: “Será que meu pensamento/ vem de mim mesmo ou de fora?”. Canção, aliás, que trata de memória e futuro, de alguma forma tema do CD: “Para eu pensar mais aprumado/ Quero um computador/ Com um bom processador/ Na minha testa instalado/ E um modem parafusado/ Na coluna vertebral”.
***
Os leitores chamaram a atenção para a falta da informação, portanto, aí vai: o disco pode ser comprado no www.violacorrea.com.br.

Novo disco solo do cantor Siba já está disponível na internet. Veja vídeo e descubra onde baixar

Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR 
02/01/2012 | 14h08 | Avante



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Fina/ Divulgação

Ainda não lançado oficialmente, o disco Avante, novo trabalho solo do cantor Siba, já está disponível para download em blogs na internet. Liberdade é a principal marca do álbum, já que o artista está mais solto para se expressar sem o vínculo com uma banda fixa, como ocorreu nos discos ao lado da Mestre Ambrósio ou da Fuloresta do Samba.
A primeira diferença a chamar atenção é a forte presença da eletricidade nas músicas. A guitarra agora é o principal instrumento tocado por Siba. Não à toa, o CD foi produzido por Fernando Catatau, um dos melhores guitarristas do Brasil, líder do grupo cearense Cidadão Instigado.
O folclore nordestino ainda se manifesta em diversas faixas, masAvante não é um disco regionalista. A cultura popular é mais uma influência do que uma referência. A oralidade da cantoria se manifesta bastante e ritmos como a ciranda aparecem explicitamente, porém, o conjunto é inclassificável em relação a gêneros musicais pré-existentes.
Lirismo e humor são marcas fortes das letras. A guitarra sempre tem uma aura retrô e vintage. O brega clássico e o rock são presenças marcantes. Os sons graves da tuba são muito aproveitados e atingem um auge sublime apoteótico em músicas como Brisa. Os versos são precisos e fortemente visuais, com algumas letras que contam histórias. Os vocais consolidam Siba como um ótimo cantor e letrista.
Nos primeiros shows do novo projeto, realizados em São Paulo, Siba se apresentou ao lado de uma banda enxuta, formada apenas por bateria, teclado e tuba.
Nesta segunda-feira, links para baixar o disco estavam disponíveis em blogs como Hominis Canidae, Baixa Funda, Envernizado e Tapetes Sírios.

SIBA - AVANTE

FAIXAS:
01 - Preparando o salto
02 - Brisa
03 - Ariana
04 - Cantando ciranda na beira do mar
05 - A bagaceira
06 - Canoa furada
07 - Mute
08 - Um verso preso
09 - Avante
10 - Qasida
11 - Bravura e brilho

Siba reúne múltiplas influências em seu novo disco, 'Avante'
Nordeste, Hendrix, África e Caribe são os ingredientes de um dos primeiros lançamentos musicais de 2012

Na década de 90, Sérgio Veloso, o Siba, saiu de Recife e foi buscar outros sons para além do rock em uma pequena cidade pernambucana chamada Nazaré da Mata. Encantado com a música tradicional do lugar, encheu-se de inspiração e, trocando a guitarra pela rabeca, partiu para uma bem sucedida carreira com o grupo Mestre Ambrósio.

Ao contrário de Chico Science e Nação Zumbi e mundo livre s/a, expoentes do ?Manguebeat? , o Mestre Ambrósio deixava de lado as novas tecnologias e apostava na brasilidade das cirandas, dos cocos, das marchas e maracatus.

Outra experiência de Siba foi o grupo Fuloresta, que também navegava pelo tradicional com músicos de Nazaré da Mata. O grupo chegou a lançar três discos e a fazer turnês pela Europa, onde foi muito bem recebido.

Agora Siba chega a Avante, que surge como o encontro do ?guitarrista? com o ?cantador?. Produzido por Fernando Catatau, um dos melhores guitarristas do país e integrante da banda Cidadão Instigado, este disco conta também com os músicos Léo Gervázio, Samuca Fraga e Antônio Loureiro, além das participações especiais de Teco Cardoso e Lirinha.

Músicas como Preparando o salto, Avante, Brisa, A bagaceira Canoa furada e Ariana mostram a excelência da poesia de Siba combinada com belas canções influenciadas pelo que há de mais brasileiro, mas também por Jimi Hendrix, guitarras africanas e sonoridades caribenhas dos anos 40.

Neste que é um dos primeiros lançamentos de 2012, Siba, sem abandonar seu mergulho nos ritmos nordestinos, volta à guitarra, dá um passo a frente e mistura diversas influências para mostrar que é possível fazer música pop brasileira de altíssima qualidade antenado com o que acontece no mundo.



Músicas:



- A bagaceira (Siba)

- Avante (Siba)

Colaboração de jorge lz


Com crítica social e fincado na raiz pernambucana, Siba lança novo CD



Álbum "De Baile Solto" está disponível para download a partir desta quarta.
Após passear pelo rock, cantor retoma ritmos da Zona da Mata de PE.

Vitor TavaresDo G1 PE
Capa do novo álbum de Siba, "De Baile Solto", com referências ao maracatu (Foto: José Holanda / Divulgação)Capa do novo álbum de Siba, "De Baile Solto", com referências ao maracatu (Foto: José de Holanda / Divulgação)
Quem acompanha a carreira do pernambucano Siba sabe da experimentação musical presente em seus trabalhos, desde as bandas Mestre Ambrósio e A Fuloresta até a atual fase solo, que debutou com o disco “Avante”, em 2012. Dessa vez, não é diferente. Com o novo álbum “De Baile Solto”, lançado nesta quarta-feira (13), na internet, Siba une a guitarra africana do Congo com a música de raiz da Zona da Mata de Pernambuco, de maneira certeira. Com jogo de palavras e música com teor politizado, o novo trabalho finca o cantor na origem de sua música, do maracatu à ciranda.
O processo de construção do álbum se deu juntamente à polêmica sobre os ensaios de grupos de maracatu de baque solto, no início de 2014. Na época, as tradicionais sambadas foram proibidas de durar a madrugada inteira, como é tradição na Zona da Mata de Pernambuco. Após audiências e intervenção do Ministério Público, a medida foi revogada, e a tradição dos brincantes, mantida. “Como foi possível, no estado do maracatu, o ícone maior da nossa cultura, fazer uma repressão ilegal dessas? A sociedade ainda coloca o maracatu num lugar muito segregado, fruto do preconceito da formação do nosso povo. Me vi envolvido nessa defesa, sentindo a necessidade incorporar a sonoridade, deixando o som menos quadrado”, contou o músico, se referindo ao seu último disco, de pegada mais pop e rock.
Se em “Avante” Siba olhava para dentro, buscando respostas e refletindo experiências pessoais, em “De Baile Solto” ele vai para fora, criticando o consumismo e problemas sociais. A faixa “Quem e Ninguém” não é só onde ouvimos a crítica à sociedade de forma mais clara, mas também onde a sonoridade do maracatu rural está mais presente. E não é por acaso. “As práticas culturais promovem o encontro com as pessoas, de maneira aberta, inclusiva, não é fechada como a academia. É nisso que a cultura é importante e tem a mostrar ao país”, disse o cantor. Apesar de viver em São Paulo, foi com o contato com a cultura da Zona da Mata que o recifense de sotaque forte se encontrou como músico, refletindo até hoje essa realidade em sua obra.
Novas músicas do cantor pernambucano trazem críticas sociais (Foto: José de Holanda / Divulgação)Novas músicas do cantor pernambucano trazem críticas sociais (Foto: José de Holanda / Divulgação)
Ao mesmo tempo em que Siba retoma agora sua antiga rítmica, ele repensa o lugar de culturas periféricas, em especial a do maracatu de baque solto. Na imagem de capa do disco, o cantor aparece com uma indumentária que remete aos caboclos de lança, ao mesmo tempo em que aparecem brinquedos e um letreiro eletrônico grudado em sua roupa. “Não gosto de explicar, porque é uma mensagem direcionada aos maracatuzeiros. É uma imagem que não se encaixa no maracatu. É um disco de um maracatuzeiro que não consegue aceitar o lugar que o maracatu está na sociedade”, explicou.
“Marcha Macia”, primeiro single do novo álbum, foi lançado em 6 de maio, deixando os fãs já ansiosos e trazendo um resumo do que vão encontrar nas dez novas músicas do pernambucano. A música que finaliza o disco, “Meu Balão Vai Voar”, soa como uma despedida otimista após as letras de pegada social. Em certo momento, em um diálogo, ouvimos “A gente vai para onde?”. A depender de Siba e levando em consideração os ritmos de raiz de Pernambuco, para longe.
Os shows de lançamento do novo álbum de Siba já estão marcados. Acontecem nos dias 26 e 27 de junho, no Teatro de Santa Isabel, no Centro do Recife.
CAMPANHA "VAMOS TIRAR O COMPOSITOR DA GAVETA"

Ajude a preservar a memória do compositor brasileiro. Adote um álbum, e, se tiver acesso aos créditos das canções, informe, nos comentários, o título de cada canção na ordem em que aparece, seguido do nome dos compositores.

sábado, 11 de agosto de 2012


SIBA


Apareceu inicialmente no ano de 1992 integrando, como guitarista e cantor (mais tarde passou a tocar rabeca), o grupo pernambucano Mestre Ambrósio, do qual também faziam parte Mazinho Lima (baixo e voz), Maurício Alves (percussão), Sérgio Cassiano (voz e percussão), Eder "O" Rocha (bateria e zabumba) e Hélder Vasconcelos (teclado e triângulo).

Em 1996, com produção de Lenine e Marcos Suzano, o grupo lançou, Selo Rec Beat Discos, o primeiro CD "Mestre Ambrósio", no qual foram incluídas de sua autoria "José", "Se Zé Limeira sambasse maracatu", "Pé-de-calçada", "Jatobá", "Três vendas", "O circo de Seu Bidu", "Baile catingoso", "Mensagem pra Zé Calixto", "Matuto do salame" e "Benjaab", esta última em parceria com Lenine. O CD vendeu 20 mil cópias e teve o clipe "Pé-de-calçada" veiculado na MTV. O clipe "Se Zé Limeira Sambasse Maracatu" foi indicado para o festival "Video Music Brasil" (da MTV) na categoria "Banda-Artista-Revelação". Ainda do primeiro disco da banda Mestre Ambrósio, destacaria-se a música "José", incluída na coletânea "Strictly Worldwide", do selo alemão Piranha Records, especializado em música étnica.

No ano de 1997 ao lado de Fred 04, Chico Science, Lúcio Maia e Paulo Rafael, participantes do movimento musical pernambucano Mangue Bit, compôs a trilha sonora do filme "Baile Perfumado", de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Sua composição "Baile catingoso" foi incluída na trilha do filme.

Em 1998, ainda integrando o grupo Mestre Ambrósio, foi lançado o segundo CD do grupo "Fuá na casa do Cabral", pelo Selo Chaos da gravadora Sony Music. No disco foram incluídas de sua autoria as composições "Esperança", "Pé-de-calçada", "Se Zé Limeira sambasse maracatu", "Sêmen" (c/ Bráulio Tavares e Mestre Ambrósio), "Usina - Tango no mango" (c/ Mazinho Lima, Hélder Vasconcelos, Maurício Alves de Oliveira, Éder Rocha dos Santos e Sérgio Cassiano), "Pedra de fogo" (c/ Hélder Vasconcelos e Sérgio Cassiano) e a faixa-título "Fuá na casa de Cabral", composta em parceria com Hélder Vasconcelos. O disco foi lançado oficialmente no ano seguinte, em 1999, em show no "Festival Abril Pro Rock", em Recife, considerado um dos principais eventos da cena manguebit de Pernambuco e um dos mais emblemáticos do pop-rock nacional. Ainda em 1999, com a banda Mestre Ambrósio, excursionou por vários países europeus, entre as quais Portugal, Espanha, Luxemburgo, Alemanha e Bélgica. De volta ao Brasil a banda gravou a faixa "Caçada" no songbook de Chico Buarque, lançado pela Lumiar Discos nesse mesmo ano. Contudo, o segundo trabalho do grupo, produzido por Suba (um dos produtores mais importantes da geração Manguebit), chegou aos Estados Unidos e ganhou crítica favorável de Jon Pareles, do New York Times. No ano 2000 a banda foi convidada a fazer uma turnê nos Estados Unidos, onde se apresentou no Summer Stage, no Central Park.

Em 2001 faria o último disco como integrante do grupo Mestre Ambrósio, que logo se desfaria. Neste ano a banda lançou o CD "Terceiro samba", produzido por Beto Villares, disco no qual foram incluídas de sua autoria "Caninana", "Gavião", 'Fera", "No bojo da Macaíba", "Mestre guia" e "Lembrança de folha seca".

No ano de 2002 a banda fez turnê pela Europa, apresentando-se na Inglaterra, Portugal, França e Dinamarca, entre outros. Neste mesmo ano lançou o primeiro disco solo intitulado "Fuloresta do samba", no qual interpretou um repertório com composições de sua autoria, entre as quais "Bringa", "Caluanda", "Trincheira da fuloresta", "Suinã", "Soldado de aldeia" (c/ Biu Roque), "Bonina", "Meu rio de samba" (c/ Barachinha), "Maria, minha Maria" (domínio público), "Sete estrelo", "Vale do Jucá", "Barra do dia" (c/ Biu Roque), "Poeta sambador", "Tempo", "Terra de reis",e a faixa-título "Fuloresta do samba", também de sua autoria.



SIBA E A FULORESTA

foto: ciadefoto
Nascido na cidade cosmopolita do Recife, mas vindo de uma família até hoje ligada às suas origens rurais, Siba cresceu circulando entre esses dois mundos como partes distintas de uma coisa só. A partir de seu primeiro encontro com as tradições da Mata Norte, iniciou uma longa história de aprendizado e colaboração com os músicos da região, exercitando ao longo dos anos os fundamentos da arte da poesia rimada, tornando-se um dos principais mestres da nova geração da ciranda e do maracatu na atualidade.
Foi integrante durante 12 do grupo Mestre Ambrósio. Em 2002, depois de 7 anos morando na cidade de São Paulo, Siba decide retornar a Pernambuco para formar a “Fuloresta”, grupo composto por músicos tradicionais de Nazaré da Mata, pequena cidade de 30000 habitantes a 65km de Recife.
Siba e a Fuloresta    foto: Bárbara Wagner
“Fuloresta do Samba” foi o primeiro registro do encontro. Em 2007, Siba lançou o segundo trabalho deste projeto, o cd  “Toda vez que eu dou um passo/O mundo sai do lugar”. Gravado em estúdio e produzido por Beto Villares e Siba. O cd tem participações especiais de Céu, Fernando Catatau, Marcelo Pretto, Zé Galdino, Isaar, Lúcio Maia e Arthur de Faria. Na mesma época foi também lançado pelo Instituto Itaú Cultural, o DVD deste disco, um registro ao vivo de uma apresentação do grupo em São Paulo cuja cenografia é assinada pela dupla paulistana de grafiteiros osgêmeos, que também assinou a arte do disco. O Album foi premiado como melhor disco na categoria regional do Premio TIM de Música no ano de 2008 e foi indicado ao Grammy Latino no mesmo ano.
Desde o lançamento do primeiro disco até hoje o grupo tem se apresentado por diversas regiões do Brasil e já realizou 5 turnês internacionais, com shows na França, Espanha, Portugal, Holanda, Alemanha, Áustria, Suíça,  Bélgica e outros países. Ao vivo, a mistura de poesia rimada e ritmos contundentes, com a sonoridade cortante dos metais, tem possibilitado um tipo de interação com o público que transcende as limitações da língua, oferecendo uma experiência mista de apresentação de palco com celebração de festa de rua.
Discografia:







MESTRE AMBRÓSIO

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Mestre+Ambr%C3%B3sio&ltr=m&id_perso=3223FONTE:




Recife - Outubro de 1992: Nascia em meio ao boom do Mangue Beat um grupo essencialmente ligado às raízes nordestinas, com fortes referências no cavalo marinho, maracatus, coco, cirandas, samba e forró, mas cujos integrantes possuíam influências diversas como rock, jazz, dança de rua, pop africano e até música árabe.



Sérgio Veloso (Siba), que estudava música na UFPE e que tocava com Eder (O Rocha), já tinha uma forte ligação com o Maracatu e o cavalo marinho. Siba também havia estudado com Helder Vasconcelos, que possuía um envolvimento informal com a arte e assim como ele tocava guitarra. Helder, a convite de Siba, conheceu o Cavalo Marinho e eles começaram a brincar Maracatu Rural no carnaval. Através do contato dos músicos com essas manifestações populares, a base do Mestre Ambrósio foi construída, cujo nome fazia referência ao Mestre de cerimônia do Cavalo Marinho.  Eder, que era baterista, encontrou-se com a percussão e com a zabumba do Maracatu e forró, e Helder encontrou-se com o Cavalo Marinho, que lhe deu possibilidade de relacionar e interligar arte, música e dança, o que enriqueceu seu envolvimento com a percussão, além do fole de oito baixos.

O grupo, já com Mazinho Lima (baixo e triângulo) e Maurício Alves (percussão) em sua formação, começou com seus bailes de forró e obtive um feedback positivo do público. De acordo com Helder Vasconcelos, no início houve certa confusão de como introduzir o forró no trabalho da banda, já que o envolvimento dos integrantes com a música tinha sido predominantemente marcado pelo rock. Segundo Helder, o grupo fez dois shows, um elétrico, para satisfação das necessidades musicais próprias, e um acústico, para entendimento do que o público queria.

Quando surge a oportunidade de gravar o primeiro CD, em 1996, onde Sérgio Cassiano (vocal e percussão) entra no grupo, a Mestre Ambrósio pôde encontrar e definir sua identidade. O trabalho, intitulado "Mestre Ambrósio", foi produzido por Lenine e Marcos Suzano. A divulgação foi pelo "boca-a-boca"e estima-se que foram vendidos cerca de 50 mil discos. Os clipes "Pé-de-Calçada" e "Se Zé Limeira sambasse Maracatu" (indicado para o festival Video Music Brasil, da MTV, na categoria Banda-revelação) foram veiculados pela MTV. Ainda deste disco, A composição "Baile Catingoso" foi incluída na trilha sonora do filme Baile Perfumado, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira.

Em 1996, Mestre Ambrósio faz sua primeira turnê pela Europa, apresentando-se em Portugal, Luxemburgo, Alemanha, Espanha e Bélgica - um ano após Chico Science e Nação Zumbi terem passado por lá, o que explicou tamanha abertura e interesse pelo o que vinha de Recife. No fim desse mesmo ano, o grupo muda-se para São Paulo e suas viagens para Europa, Estados Unidos e Japão se intensificaram. No final de 1997, o Mestre Ambrósio fecha contrato com a Sony e em abril-maio de 1998 grava "Fuá na Casa de Cabral", cujo lançamento se deu no Abril Pro Rock de 1999, considerado um show marcante do festival. Esse segundo trabalho, produzido pelo iugoslavo Suba, um dos mais importantes produtores de música popular brasileira, obteve enorme repercussão, como as críticas favoráveis no New York Times, por exemplo.

Em 2001, ainda pela Sony, veio "Terceiro Samba", o terceiro trabalho do grupo, então produzido por Beto Villares e lançado em várias casas de show do país, entre elas o Canecão, no Rio de Janeiro. Em 2002 o Mestre Ambrósio viaja em turnê por vários países, como França, Portugal, Dinamarca e Inglaterra.

Ao completar dez anos de carreira, o grupo passou por uma fase de amadurecimento profissional. Cada integrante possuía uma bagagem musical muito grande e diversificada, fazendo com que surgisse a necessidade de projetos individuais. Segundo Helder Vasconcelos, particularmente, sua realidade naquele momento era diferente da realidade dos demais músicos, mas isso não muda a satisfação, realização e alegria que todos obtiveram durante as apresentações do grupo, onde todos se dedicaram intensamente a cada uma delas.

Música: "Pé-de-calçada"

Siba Veloso, rabequeiro e um dos vocalistas do Mestre Ambrósio, voltou pra Nazaré da Mata e seguiu cantando com músicos da Zona-da-Mata em "Siba e a Fuloresta" (ouça). Siba saiu pelo mundo levando a música de raiz, além de participações em shows, como a gravação do DVD MTV Acústico da banda carioca O Rappa. Recentemente, voltou para o sudeste e tem trabalhado em sua reaproximação com o rock, inclusive voltando a tocar guitarra.

Helder, que voltou pra Recife, possui o selo Terreiro Produções, que divulga artistas ligados à tradição, e lançou dois espetáculos: "Espiral brinquedo meu" e "Por si só", que revela sua paixão pelo teatro e pela dança. Helder também participou de filmes como "O homem que desafiou o diabo", onde interpretou um dos personagens de maior destaque, o Cão Miúdo (veja entrevista).

Eder, "O Rocha", que foi baterista de banda de hard rock e heavy metal e integrante da Orquestra Sinfônica do Recife, reside em São Paulo e desenvolve projetos artísticos e educacionais, entre eles o Bambas Dois,  Mutrib e Ponto BR. Mazinho Lima, que também mora em São Paulo, passou a produzir e compor para espetáculos teatrais; mas continua tocando e gravando, inclusive em projetos com Eder. Maurício Alves, que mora em Vinhedo, SP, gravou discos e tocou em shows de cantores, como a cantora Céu, e de bandas, como Angra, além de trabalhar com o MC e rapper Crioulo. Sérgio Cassiano voltou a Recife e tornou-se professor de percussão no  Conservatório Pernambucano de Música e continua compondo e produzindo, inclusive seus próprios trabalhos.

O Mestre Ambrósio foi um dos poucos grupos pernambucanos que conseguiram, com a jovialidade e criatividade dos músicos integrantes, desmistificar a música tradicionalmente pernambucana e nordestina, considerada por muitos como ultrapassada ou intocável. Nada era tão velho que não pudesse ser retocado ou valorizado.  O grupo foi capaz de trazer às novas gerações, sem pensamentos forçados ou obrigatórios de preservação da cultura regional, a oportunidade de (re)conhecer as manifestações folclóricas e culturais nordestinas, com sua música envolvente, inteligente e extremamente alegre.

  

Fonte: novopernambucolismo.blogspot.com


Aqui você encontra algumas boas análises sobre o 

trabalho de Siba:



DISCO: “DE BAILE SOLTO”, SIBA

Siba
Nacional/Alternative/Rock
http://www.mundosiba.com.br/
Conhecida como a “capital estadual do Maracatu”, em 2014, Nazaré da Mata, município localizado na região da Mata Norte, em Pernambuco, se dividiu. De um lado, músicos, foliões e representantes da cultura local, coletivos que se uniram para defender as tradições (musicais) da região, mantendo as apresentações de Maracatu de Baque Solto até o amanhecer. No outro lado, a Polícia Militar e membros do governo municipal, oposição de defendia o encerramento precoce dos festejos e apresentações do gênero, forçadas a acabar no começo da madrugada.
Um dos defensores do primeiro grupo – frente que conquistou na justiça o direito de manter as tradições, estendendo os festejos até as 5:00 da manhã -, Siba transporta para o interior do segundo álbum solo parte desse conflito e desrespeito pelas tradições locais. Misto de regresso aos sons regionais explorados desde os primeiros trabalhos com a extinta Mestre Ambrósio, em De Baile Solto (2015, YB), mais do que um retrato isolado da cena nordestina, o compositor pernambucano entrega ao público uma síntese do instável panorama político e social de todo o Brasil.
Conceitualmente amplo, com versos entregues à interpretação do ouvinte, músicas como Gavião, Três Carmelitas e O Inimigo Dorme, se acomodam em meio a temas políticos, discussões sobre abuso de poder, embates e a continua relação entre governantes e a população. Referências e relatos metafóricos que tanto se encaixam no contexto bucólico de Nazaré da Mata, como em qualquer grande cidade. Debates que escapam das redes sociais e cercam o congresso nacional. Da ironia fina que cresce nos versos Marcha Macia ao grito final em Meu Balão Vai Voar, diferentes histórias, temas e cenários sustentam o universo cada vez menos particular criado por Siba.
Em se tratando da estrutura musical montada para o disco, uma obra que busca apoio em duas bases distintas. De um lado, a continua interferência das guitarras, instrumento que não apenas reforça o diálogo de Siba com a própria obra, resgatando temas e arranjos explorados no antecessor Avante, de 2012, com garante novo encaminhamento ao mesmo som enquadrado em obras de apelo “regional”, caso de Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar (2008). No outro oposto, o inevitável passeio pela música pernambucana, tema explorado de forma cênica na curiosa faixa-título, uma cômica interpretação das típicas performances típicas da região a mata, mas que mantém firme o contexto político do disco. Continue reading 

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SIBA: “MARCHA MACIA”


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É bom pensar em dar no pé quem não se agrade
Sendo você eu me acomodaria…
Não custa nada se ajustar às condições
Estes senhores devem ter suas razões
Além do mais eles comandam multidões
Quem para o passo de uma maioria?
Siba não poderia escolhido melhor hora para apresentar a provocativa Marcha Macia. Inédita, a composição é um dos primeiros exemplares de De Baile Solto (2015), novo registro solo do artista recifense. Diálogo imediato com a atual situação do Brasil, a criação de ritmo torto, quebras e guitarras límpidas soa como uma provocação, costurando metáforas carnavalescas que logo se adaptam ao presente cenário, revelando “panelaços”, os problemas da “elite branca”, além de menções aos movimentos e “instituições da moral e dos bons costumes”.
Distinta em relação ao material apresentado no último trabalho solo do artista, Avante, de 2012, a nova composição mantém o fluxo enérgico da “estreia” solo de Siba, quebrando as pequenas distorções de guitarras de forma a solucionar um diálogo com os primeiros anos do músico com a extinta Mestre Ambrósio. Com lançamento para o dia 13 de maio, De Baile Solto é o segundo registro autoral de Siba sem a presença do coletivo de músicos da Fuloresta.

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